quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Vento

Vento
Sopra, balança, seca
Entra no olho e cega
Venta, desinventa
Inventa um cabelo diferente
Faz lágrima crescer na gente
Num cisco que aparece de repente
Vira guarda-chuvas ao contrário
Levanta as saias das meninas
E leva a meia
Que até um minuto atrás
Repousava no varal,
Deixando sem sal
O pé que lá restou
Agora sem par
E preso, a suspirar
De solidão e amor...

Curitiba, 22 de julho de 2014


No estado de alma em que ela se encontrava
Tudo era luz, tudo era sol
Tudo era paraíso
Desfazia-se de cada gota de pensamento ruim
Que pingava em momentos de espera
E emprestava cada lugar que se formava
A qualquer coisa que pudesse falar da beleza
Que invadia o dia naquele instante
E desfazia todos as desalegrias
Todos os descasos, todos os desabraços
Pra encontrar somente a calma sem fim
A cor, muitas cores, o canto contido no vento
E o murmúrio ecoando e vibrando
Em cada alma, em cada olhar
Tudo era paz
E como vinha, ia...
E vinha de novo...
Formando um redemoinho
E guardando em seu centro
O mais importante de tudo:
O Verbo, desdobrando-se em rimas divinais
Em palavras sem rivais
Falando alto
E chamando para o Amor



Curitiba, 4 de agosto de 2014