sábado, 31 de maio de 2014

Percebo que as primeiras horas da manhã
São as melhores para libertar devaneios
E deixa-los escorrer pela ponta dos dedos
O lapis no papel é o fio condutor desse delirio
Que brinca e rodopia no alto dos meus pensamentos
Até que bate um vento, vindo não sei de onde, e avisa:
É hora!
E as palavras se alinham,
Se organizam uma a uma
E se lançam neste ato
Feito um parto
Onde o berço é o papel
E o colo, o coração

Curitiba, 31 de maio de 2014




O dia chega lento
E me presenteia com uma névoa fina
Como se fosse uma coberta leve
 Perfeita para o outono
A baixa temperatura me intimida um pouco
Mas não como antes
Sou feliz com o que posso fazer
E com o que aprendi até agora
Mas quero mais
Sou grata pelos amigos que conquistei,
Pelos que ainda conservo
E pelos novos que vem chegando
E que como eu,
São apenas afluentes
Desaguando no mesmo rio
Calmo, caudaloso, profundo
E repleto de Amor

Curitiba, 31 de maio de 2014







quinta-feira, 29 de maio de 2014

Livro-me das mágoas diárias
Como quem joga fora o pão endurecido
Recoberto de bolor
E peço que os dias sejam simples
Cheios de alegrias e surpresas
Como alegre é o momento em que posso
Conversar com a natureza
E ver o botão virar flor


Curitiba, 29 de maio de 2014









Os meus versos moram
Num balaio de ventos
É só soprar
Que as palavras criam asas
Uma vez fora do cesto
Já não repousam - ousam
E nem eu mesma sei
Onde é que elas vão parar

Curitiba, 29 de maio de 2014

Delírios lúcidos

Às vezes sinto pena de ti
E da lucidez mentirosa a que te submetes
Mas não vejo nisso um ato de coragem...
Quero ver ter ousadia
Pra assumir o delírio
Que me açoita a cada noite
Ao ver pássaros que cantam
Em árvores de arco-íris,
Pensonetos que borbulham
E versos que viram preces

Curitiba, 29 de maio de 2014
Meu viver:

Acordar com uma rotina
De café com auto-estima
E pão com geléia de metáforas

Meu versejar:

Acordar com o sacolejar das palavras
Soltas, descarriladas
Num perturbador caos gramatical

Curitiba, 29 de maio de 2014
Dona Gracinha passava o dia
Perguntando onde ficava
A tal da Felicidade
sem se dar conta sequer
De que a tal ficava ali
No Beco das Pequenices
Ao lado da Simplicidade

Curitiba, 29 de maio de 20114

quarta-feira, 28 de maio de 2014


Pobre chifre de veado
Cresceu tanto, tanto
Que a si mesmo bastava
Até chegar à conclusão
De que estava 
Na mais completa solidão

Curitiba, 20 de maio de 2014 

Delírio e Lucidez

Tristessius tinha a tampa da panela tão fechada, que não se permitia deixar sair os vapores, às vezes brandos, às vezes fortes, de sua ideias borbulhantes. 
Limitava-se a cozinha-las, sem deixar que alguém jamais provasse delas. Apenas dizia: Estão temperadas demais para passearem por aí.

Curitiba, 28 de maio de 2014/ Oficina Lavra-Palavra, com Gloria Kirinus

Versiculite

Minha crise não tem dor
Não da forma mais normal
Mas como se fosse uma tosse
Merece xarope forte
Pra expelir cada palavra
Que dentro de mim só faz mal
Mas que se ponho pra fora... uau!

Curitiba, 28 de maio de 2014 / Oficina Lavra-Palavra, com Gloria Kirinus
Depois da tua partida
O dia se desenterneceu
E desencantado, pôs-se triste, cabisbaixo
Já sem cor, enviou-me um buquê de chuva fina e fria
Mandou entregar-me em mãos, a domicílio
Só pra ter certeza de que chegaria a mim
Como um recado derradeiro
De que não vens mais...

Curitiba, 28 de maio de 2014

terça-feira, 27 de maio de 2014

Reparo, há tempos, que já não me olhas nos olhos
Já não tentas mais abrir minhas gavetas
Desvendar os meus mistérios
E não te incomodas mais com meus papos
Ora infantis, ora tão sérios
Já não queres mais sentir as minhas digitais na tua vida
Não queres mais que eu toque as tuas feridas
Na tentativa de sempre estar contigo
E me pergunto: onde é, neste momento, 
Que a tua alma se esconde?
Ainda há chance de tirar do alto da minha cabeça
Esta lança afiada, prestes a decretar
O fim da trajetória da linha do teu amor, 
Sempre pedindo pra cruzar com a minha?
Será que tal linha vai deixar de ser confusa, 
Quando, ao mesclar-se com a minha, 
Não se percebe onde acaba uma e começa a outra,
Para ser apenas paralela 
E com a minha nunca mais se encontrar?

Curitiba, 27 de maio de 2014
Minha pobre poesia...
O que fizeram contigo?
Dissecaram-na por inteiro
Com bisturis tão precisos
E cortes tão milimétricos...
Discutiram cada palavra
Cada sonho e delírio
Quando na realidade
A liberdade te dei
Para que fosses lida, sentida
Apenas com o toque sensível
Das digitais do coração


Curitiba, 27 de maio de 2014

domingo, 25 de maio de 2014

Conversa

Deixa-me encostar
Meu ouvido no teu pensamento
Ouvir o discreto vôo das tuas ideias
O bater de asas dos teus desejos
Devaneios que através de beijos
Aquecem quem se aproxima
E pelos abraços longos, demorados
Lança as redes da conquista
Pega peixes de carinho
Brinca com os afetos
Sai do lugar-comum
Espera o momento certo
Quanto então dois serão um 
E faz nascer a paixão

Curitiba, 25 de maio de 2014

Fada dos versos
Tua varinha de condão
Mora na ponta do lápis
Se esconde na tua mão
E tira dos sonhos livres
Rimas e encantos
Provocando passeios
Nos jardins do mundo
E bem lá do fundo
Colhe rimas e palavras
Belezas do coração

Curitiba, 25 de maio de 2014


Meus olhos passeiam
E gostam do que vêem
E lêem com precisão
O que vai na contra-capa
Do teu coração
Aquele canto que nem sempre
Chama a atenção
Dos que folheiam as suas páginas
Com rapidez, com fluidez
Sem parar pra examinar
Que ali dentro o assunto é sério
Folha após folha
Um completo mistério
Revelado apenas
Com a sua permissão

Curitiba, 25 de maio de 2014

sábado, 24 de maio de 2014

Para Aline

Tua dor velada
Muito me comove
Porque vejo nela
O desassossego da razão
Um coração em desatino
Que pulsa e sofre
Sem neste momento
Ter onde se segurar...
Tomas por um segundo
A incerteza como guia
Que agonia!
Sossega, coração, fica firme
Tua aflição genuína não é vã
Mas antes, observa que à tua volta
Tem um montão de cordas amigas
Fortes, bem trançadas
E se te sentires fraca, combalida,
Agarra uma delas
Endireita teu corpo
Enxuga as lágrimas
Deste teu rosto já cansado de chorar
Escora as tuas tristezas
Acredita, segue e vai!

Curitiba, 24 de maio de 2014










sexta-feira, 23 de maio de 2014

Cavalo Selvagem



Meu pensamento é um cavalo selvagem
Nem pense em doma-lo, é bobagem
Ele segue a minha alma
Vai ao saber do vento
E viaja, navega, caminha
Conforme a hora, de acordo com o dia
E segue livre, vento nos pelos
Compasso apressado nas patas
E apenas uma vontade: ser feliz!

Curitiba, 23 de maio de 2014


Aquele abraço!



Quem não gosta de um abraço?

Você está sozinho, triste, carente
E de repente aparece aquele cobertor
Absolutamente acolhedor, envolvente
E te cobre... 
Assim, de graça!
Rapidamente, a tristeza passa,
A boca projeta uma meia lua,
Mostra sua estrelas em forma de dentes
E o coração se aquece, se enternece
E te prepara melhor para o dia!

Ah... quem não gosta de um abraço?
Ele pode ser pequenino, 
quando vem de uma criança,
Ou grandão, quando vem de um crescidinho
Amarrotado, certinho,
Com afagos, cafunés
Mas de qualquer jeito é bom!
Individual, coletivo,
Demorado, prolongado, é quase um remédio!
É como um bálsamo que ameniza a ferida
Que nada mais é do que a falta de amor...

Ah... quem não gosta de um abraço...

Curitiba, 23 de maio de 2014

quinta-feira, 22 de maio de 2014



Curitiba, 22 de maio de 2014
Vejo naquele olhar
O mesmo temor
A mesma dúvida que me assalta
Ao andar pelos túneis escuros da vida
Sem saber onde me levam…
Mas tem um brilho,
Uma luz que me leva
Não sei pra onde
Mas eu vou…
Não penso em resistir
Sigo a menina daqueles olhos
Tão marotos, tão sapecas
Até que ela resolva parar de brincar
E decida me perceber
E de forma voluntária, me acompanhar

Curitiba, 22 de maio de 2014