domingo, 27 de março de 2011

Para Pedro...

Quer ser feliz?
Acalente a idéia de ter um filho.

Sonhe com ele.
Abrace-o muito, mesmo que ainda em pensamento.
Dê a ele a chance de nascer e crescer,
ainda que não venha do seu ventre.
Aceite-o como ele vier, com seus defeitos, suas limitações,
Suas incertezas, e dúvidas,
Mas também com suas alegrias, seus sonhos,
Sua vontade de realizar, de viver e de amar.

E quando chegar a hora de ele seguir sua vida, deixe que vá!
Afinal, será hora da vida em si se perpetuar,
De ele anunciar a vinda de seu próprio rebento.
Olhe, então no fundo dos seus olhos,
Veja o brilho, delicie-se com a alegria que dele transborda...
Esta é a mais perfeita receita de felicidade...

Parabéns, filho, seja muito feliz!

Curitiba, 27 de março de 2011


Urgência

Talvez ninguém mereça
A urgência e a pressa
De realizar, e terminar tudo
Diante do inexorável
Mas ela existe...
Como se fosse possível encerrar algo,
Encerrar uma vida, partir
Deixando tudo organizado...



Curitiba, 27 de março de 2011.

Pra vc...


Pra vc quero ser doce mel
Lembrar o céu
Num fim de tarde
E nunca a lança que arde
Disparada sem dó

Pra vc quero ser ar puro
Porto seguro
Pra um dia escuro
Atormentado
Sem esperança de sol

E te enrolar num abraço
E te cobrir com beijos
Completando o desejo
Talvez chegar bem perto
Do paraíso...

Curitiba, 12 de março de 2011

Alma Nua (Strip Tease)


Ele me pede um strip tease...
Só se for do corpo, pois o da alma,
Ah... esse já fiz faz tempo!
Sem zelo, sem cuidado, sem vergonha,
Vou tirando cada peça,
Numa coreografia lenta e magistral.
Sem receio, revelo cada parte do meu eu
Sem pensar em preservar nada
Sem vergonha, nem cuidado,
Pouco a pouco mostro em cada gesto, em cada ato
O íntimo resguardado e protegido pelo medo,
Pela timidez, pelo orgulho próprio.
Vou abrindo um por um cada botão
Revelando assim meu coração,
Deixando à mostra meus sentimentos.
O olhar apaixonado, que bebe as palavras e gestos do amado
E deslizando aos poucos o zíper da alma,
Despudorada, sem-vergonha, descuidada
Livro-me da última peça, já no chão,
E permito, através de um beijo, que a entrega aconteça...
Pronto: sou tua!
Corpo e alma, à luz da lua...

Escrito em Curitiba, em 28 de setembro de 2008.
Inscrita no Concurso de Poesias Helena Kolody, 2010.

Tua imagem na tela

Não te conheço,
Nem nunca te vi.
Em razão disso,
Faço a tua imagem,
Tuas formas,
Teu sentimento, teu amor,
Teu carinho engarrafado
Num frasco de perfume de flor,
Teus olhos cristalinos, cheios de cor,
Caberem numa janela.
Cheia de modernidades
Novidades... É verdade!
Cabe tudo aqui:
Na janela do meu computador...

Escrito em Curitiba, no ano de 2008.
Inscrita no Concurso de Poesias Helena Kolody, 2010.

Tanta pressa...


De repente aperto as mãos
E imagino a vida fluindo
Rapidamente por entre os dedos
Parece ter tanta pressa!
E penso: só se vive uma vez...
É medo!

De repente abro as mãos
E as ergo na direção
De quem mais precisa
Como se através do gesto
Emprestasse meu coração...
A flecha saindo do meu eu
Alcança o outro: o alvo certo
É doação!

De repente levanto os olhos
E deixo de perceber meu eu sozinho
Para perceber o eu daquele à minha volta
Mas já não sou mais eu
Invado o espaço do outro
Como o outro invade o meu
Com delicadeza.
Com consentimento.
É amor...


Escrito em Curitiba, aos 15 de março de 2009
Inscrito no Concurso Helena Kolody, em 2010




A vida é bem pesada...

É bem difícil passar por ela impunemente

Não tem outro jeito: corpo e alma estão doentes.

Mas não me entrego, não posso e nem quero

Entrar em desespero

O segredo será sempre: seguir em frente!



Curitiba, 27 de março de 2011.