terça-feira, 12 de agosto de 2014

Vento

Vai mudar o tempo
Enquanto isso
As folhas caem e pedem carona
Nos cabelos em desalinho
Nas costas dos cães que passeiam
E nos tapetes das ruas
Voam, provocam os seres
E se riem de tudo
E finalmente se deitam e adormecem
Até que venham as águas

Curitiba, 12 de agosto de 2014


Memórias

Acordei e quis ser feliz
Emprestei do tempo a tua lembrança
A tua presença a meu lado
Apesar de já não estares aqui
Sim, eu quis ser feliz
E era esse o único meio
A única forma de te encontrar
Memória resgatada e protegida
Ligação perfeita
Acontecendo pelo fio do pensamento
Pela leveza da alma
Sem chance de falhar
E mesmo com a vida tão pesada
Com tanto sentimento acordado
Jamais há de se quebrar.

Curitiba, 12 de agosto de 2014









sábado, 2 de agosto de 2014

Meia-lua



Curitiba, 2 de agosto de 2014

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Inverno

Hoje eu queria um céu bem azul
Azul de doer
De dar vontade de comer um pedaço
De sentir cheiro dessa cor que dói no olho
E o gosto que apimenta os sentidos
Mas tudo o que vi
Ao olhar pela janela
Foi um céu cheio de cinzas
E ventos, e gotas de chuva
Prometendo frio
Assombrando raios de sol
Para que não voltem tão cedo
E promovendo desabraços
Favorecendo apenas
Tímidas e inquietas mãos no bolso
Que procuram por algo que não está lá
Ou ainda luvas e braços cruzados
A estocar carinhos e afagos e sorrisos congelados
Para a próxima estação.

Curitiba, 24 de julho de 2014







Será que tem jeito
Essa dor danada
Esse incômodo no peito
Essa incerteza safada
A me perturbar na rua,
Na minha caminhada,
Na cozinha, na sala, no leito
Me obrigando a pensar
A formular conceitos
Será que tem jeito?
Ah, não sei...
Só sei que penso demais
Só sei que não quero mais
Saber de nada disso
Que apenas um café fresco, por favor
Com uma fatia de bolo de fubá
(é muito amor!)
E pra me fazer companhia,
Trago nas mãos Saramago
E nem sequer o escondo:
É preferência explícita,
Aos quatro ventos atirada
Em plena luz do dia.

Curitiba, 1º de agosto de 2014