quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Saudades

Ele não mora mais ali
Mas seu perfume ainda resiste
No ar, no armário
Onde suas roupas
Sempre namoraram com as dela
Desavergonhadamente
Entrelaçando mangas
Misturando cores
Confundindo botões
Num espaço apertado
Um flerte discarado
As roupas dele e as dela
Roçando tecidos
Combinando padrões
E dando-se as mãos
Quando ninguém olhava
E a porta do armário se fechava...
Por anos e anos foi assim
Até que o terno escuro
Totalmente sem uso
E há tempos inquilino daquele espaço,
Resolveu abandonar tudo
E ir-se embora,
Levando a camisa branca
A gravata listrada e as meias pretas
Puídas no dedo e remendadas
Pra ir morar em outras plagas
E nunca mais voltar...


Curitiba, 11 de dezembro de 2014


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